Você sabia que "in illo tempore", em algumas tradições, um novo iyawô tinha orgulho de usar o mesmo quelê que fora usado por outro adoxu do terreiro?
Exposição no Museu Afro Brasil, SP. Acervo pessoal.
O iyawô podia usar o mesmo colar sagrado que pertenceu a seu pai pequeno, por exemplo.
Motivo de honra.
O ofá que pertenceu ao Oxóssi de Fulano era dado ao Oxóssi de Sicrano quando Fulano conseguia outro para o seu Oxóssi.
O ofá do primeiro Oxóssi do terreiro podia estar nas mãos de um Oxóssi recém-nascido.
Enfim.
Um egbé que não desenvolve constantemente o senso de unidade, em que a única possibilidade é que todos sejam por todos, faz aflorar individualismos que não se adequam à própria prática do candomblé.
Se tivéssemos o que chamar de pecado, com certeza não abriríamos mão do egoísmo, da soberba, da vaidade.
Tudo isso não nos cabe, embora saibamos que há em abundância por aí.
Mas, não nos pertence.
Não pertence ao candomblé.
Não somos o que alguns querem fazer pensar que somos.

Crédito
Carlos Wolkartt
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